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segunda-feira, 4 de abril de 2011

O DONO DO MUNDO




o dono do mundo (que sou eu me mesmo) me disse...
"você é não dono de nada,
de nada, de tudo, de quase tudo, de quase"

e eu que sou de nada piso nas farpas,
nas caras das pedras sem pedir ao sol da noite
uma pitada de fogo, uma pitada dos sonolentos gatos

a mulher que aqui está parece não perceber-me,
não perceber os caminhos que os astros fazem
por dentro dos esquadros da casa

é triste ver alguém que no meu entender nunca prestou atenção
numa flor, num cometa cadente

eu não sou nada, incapaz de tocar seu coração,
sua mente com o fermento do que aprendi

ela é vazia, um balão oco, sem passado, sem presente, sem futuro,
sem ancestrais, sem sonhos mágicos

como doí isso para um homem que busca os caminhos do sábio;
que dor ver a pessoa que me acompanha há tantos anos
viver de forma tão leviana, superficial

é um castigo, uma tragédia,
apostar tanto num ser e vê-lo depois de tudo que vivemos
e vimos, ainda ignorante,
sem filosofia, sem ideiáis,
mergulhado na existência milenar dos mortais
que já nasceram mortos

(edu planchêz)

sábado, 2 de abril de 2011

ALMAS QUE BUSCAM

Pinturas esparramadas nas costas da noite que acabo de abraçar
Partituras de canções feitas por um azulão real
são trazidas pela brisa cor de maçã
cá para os campanarios da casa minha,
da casa das mariposas alucinadas,
reino esse que um dia hei de deixar para os meus filhos,
para os que traçaram sobre a terra suas façanhas e derrocadas

Me aventuro tocar no vidro braço teu,
me aventuro...e navego bem seguro no elétrico raio,
na correnteza de todas as almas que buscam

Noite essa que me deixa sentado sobre um sino,
sob os galhos ensopados de flores de laranja
Oh noite! Oh lavrada pedra que possuí o formato da minha e da tua cabeça!
Nem mesmo Alexandre (O Grande) obteve das vagas tais escunas

Escutái os solavancos das coisas móveis, das coisas estáticas

(edu planchêz)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Vivendo sobre uma bola de pedra

Vivemos sobre uma bola de pedra
(que segundo os atuais cientistas
é uma bola de pedra nada tão assim redonda,
chata, cheia de acidentes...
mas é a nossa bola de pedra, a nossa mãe pedra,
rica de luzes, de ventos solares ( o vento do norte)

Somos integrantes,
pais e filhos e netos da grande história do Cosmos,
como isso é grandioso e apaixonante...
sou extremamente feliz de ter consciência de tais maravilha
Entro com você na Terra, no embrião do planeta onde o calor
é superior ao calor dos grandes trópicos,
mas não é superior ao calor do nosso ventral beijo

(edu planchêz)

domingo, 27 de março de 2011

FOI LINDO


Já fiz amor dentro dor mar
senti q o meu orgasmo e orgasmo de quem estava comigo se espalhava
em circulos pela água e seguia por todo o oceano,
foi lindo

(edu planchêz)
O alimento, a boca pega, o corpo cresce e faz o poema,
a broa de milho, o tesouro de mandioca

O VENTRE




o ventre de meus poemas acomoda todos os sedimentos
das últimas cheias, dos últimos terremotos,
os próximos gemidos que darás no momento do nosso uníssono orgasmo

é na curva dessa noite que ancoro meus artefatos florais,
as castanholas-unhas que precisas para amar meu violão
e meu tapete corpo

vens gulosa...a noite merece tal gula, tal queijo,
toda a alma do vinho

e eu moro ali mesmo, entre os pincéis,
pelas palhinhas do sambura,
nas costuras dessa calcinha rendada

(edu planchêz)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Eu passo meu esperma nas pétalas da flor




E eu passo meu esperma pelas paredes do mundo,
pelas peles dos animais silvestres,
nas raízes mais profundas das árvores
que afloram no abissal

Poeta bicho,eu,
nadando no lodo das configurações
de um novo mundo,
de uma no espécie mais amiga da lua
e dos leões

Eu passo meu espesso esperma na língua de seta
da serpente que engoliu o mundo que conhecemos
e o mundo que não conhecemos

Me elevo ao patamar dos gorilas
para colher as folhas da planta
inventada pelos seres imaginários

Eu passo meu esperma nas pétalas da flor

(edu planchêz)

ovos-cabeças




Cabeças de ovos sem nada dentro povoam o planeta,
resta-nos encher esses ovos-cabeças
com o leite do pensamento dos mestres
O ser humano que vive sem arte não passa de um ovo ôco,
são espéctros vagando sobre miolos de pão,
aranhas secas que não caçam a alma das coisas

(edu planchêz)

quarta-feira, 23 de março de 2011

o verão e todos os seus motivos





Inseguro,
ouvindo os estalos das coisas interiormente quebradas,
me espremo para esboçar esse poema
O que esse medo quer me dizer,
o que relata essa estranha voz?

Vou buscar nos passeios dos pássaros,
nas penas dos pássaros,
as cores bonitas da minha continua história

Esse poema me ajuda a reaver os fios,
os pés e a cabeça,
a aliança de mim comigo mesmo

Volto a me sentir seguro,
volto a me sentir
em meio ao frio submerso em meu ser,
é como se cada uma de minhas células fossem uma caverna,
um esconderijo, um abrigo

O medo pode ter a forma de um cão,
o gosto de um besouro, de uma centopeia primitiva
que caminhou no inicio do inicio

Ouço o ronco de um motor,
o cair de uma bola de gude,
os pingos da futura chuva

É como se o céu fosse um manto de fogo
cobrindo minhas costas
para devolver aos meus olhos e garganta
o verão e todos os seus motivos

(edu planchêz)

segunda-feira, 21 de março de 2011

AS ARARÁS DE KATHERINE DE NEVE



caminho na face escura da lua, caminho na lua,
entro e saio de crateras,
sempre mirando o talhe de meu rosto,
sempre ouvindo o uirapurú de Villa Lobos
e as ararás de Katherine De Neve

(edu planchêz)

quinta-feira, 10 de março de 2011

uma criança chegando ao mundo, uma flor de pêssego pousada sobre o colo do novo




Eu que ando longe dos livros, longe da Lapa,
longe das casas que não são invadidas por mosquitos...
passo as roupas da vida com os aparelhos da vida mesmo,
e continuo sendo simples, artista operário das palavras esvoaçantes,
das palavras tímidas, do canto risonho (nesse agora)...

Vou e não vou ao pontinho azul que fica submerso
em teu brilhante umbigo

E não tenho porquês, mas tenho o cinema, encontrado
e perdido nos vãos dos dentes
refletores das ondas do mar do Recreio dos Bandeirantes

Penso em minha irmã Alice Fernandes...grávida de sete meses...
nas terra do sul desse país... assando em seu ventre um ser,
uma menina de genética paterna irlandesa, de sabores brasileiros...
uma criança chegando ao mundo,
uma flor de pêssego pousada sobre o colo do novo

(edu planchêz)

segunda-feira, 7 de março de 2011

O TEMP0 NOVO ME ARRANCA DA CAMA COM MÃOS DE SÂNDALO








Envelheci mil anos pós a partida de minha mãe...
percebo nitidamente, o branco tomou o centro de meu crânio,
raios ultra-amarelos fincaram punhais de sol na minha carne perene

Algo novo ou algo velho se fez crescente por esse escuros dias,
minhas lamparinas haviam minguado,
ao ponto d'eu achar que não passavam sonolentas formigas

Mas hoje pisei no mar, pisei no manancial de onde toda vida veio,
e que virá doravante são protozoárias irradiações marinhas
para cobrir toda a minha sutil vida de pérolas e escamas reais

Eu sou um Rei pequenino movendo grãos de areia
no interior de uma antiga ampulheta

O tempo novo me arranca da cama com mãos de sândalo

(edu planchêz)

sábado, 5 de março de 2011

Meu caralho é o sol que queres, a lua que afunda na lama tua




sob as luzes de tudo coroo-me Rei do carnaval sem sentido
com todos os sentidos
e sigo no cordão dos mascarados tocando um instrumento de nuvens,
nu e com todas as roupas

o tempo passou o rodo em nosso velhos móveis...
a"roda viva" arrastou meus pés até o mar...
me tornei um navio...
uma baleia Orca, um celacanto sem freio
apinhado de barbatanas saturnianas

Meu caralho é o sol que queres,
a lua que afunda na lama tua

Nenhuma morte pode romper os laços dos biliões de anos-luzes do nosso amor arrombado

Evoco Pasolini, evoco os monstros marinhos que devoraram os séculos
e as mãos de Artaud,
e hão de devorar essas palavras e por elas serem devoradas

(edu planchêz)

o que não suporta escravos



"sou metal, raio, relâmpago e trovão"



E o meu caminho,
e o o teu caminho, é um bando de arco-íris,
um salão de cristal iluminado pelos rostos dos Bhudas
das multiplas direções do sangue

Eu sou quase tudo, quase nada, um punhado de petalas,
um temporal inteiro de gotículas azuis,
teu irmão, tua irmã...
homem e mulher e o que está além e o que está antes disso

Escrevo para suplantar o pequeno, o que se arrasta,
o que não suporta escravos

(edu planchêz)

sexta-feira, 4 de março de 2011

poema filho da noite




Tenho o pêlo da arte envolvendo meu pescoço,
de joelho te saúdo, te beijo a boca.
(EDU PLANCHÊZ)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O mapa do céu


A Tábua das Marés mira a ponta do céu...
assim,foi para os Assírios, assim é para nós

O Mapa do céu vem sendo o mesmo e mudando através dos segundos,
das manifestações espontaneas do que pensamos
e do que não pensamos

(edu planchêz)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

aves que sobrevoam os campos de maçãs











O telefone toca dentro do meu peito...
o ventilador, atira-se do alto de minha cabeça,
para o espaço sideral da casa

ouço as notícias desse dia,
o vento, o ar em movimento,
as enguias que são meus dedos destravarem
meus sentimentos e as comportas da represa
que eu mesmo em mim erigi

convoco as borboletas e as mariposas,
quero voar com elas e com os corvos
chegar no epicentro do poema

me comunico com as partes doloridas do meu ser,
com as nuvens,
com as aves que sobrevoam os campos de maçãs

(edu planchêz)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

POEMA CENTRAL




(para Tatyane Luíza, amorzinho meu)

Poema Central...
centro de tudo, das centelhas estrelas oxigenadas,
do umbigo da Terra, das rodovias infindas...
E eu nunca tiro os pés da estrada, os olhos dos céus,
as mãos de teu corpo, a língua dos livros

Poema periférico...
escorrendo pelo chão, pela chama que nos mantém
Acarpetado pela arte de percorrer o trajeto,
a trajetória da máquina, o pensamento do sol...
sigo movendo os raios da roda,
as manivelas do inconsciente coletivo

Poema nascido na garganta, nas vozes que entoo
para atrair os espíritos,
as avalanches numerosas que lavam a tarde

Sou um bicho com sono e sem sono
sorvendo a seiva viva do momento
que escrevo o central poema periférico

(edu planchêz
)