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quarta-feira, 23 de março de 2011
o verão e todos os seus motivos
Inseguro,
ouvindo os estalos das coisas interiormente quebradas,
me espremo para esboçar esse poema
O que esse medo quer me dizer,
o que relata essa estranha voz?
Vou buscar nos passeios dos pássaros,
nas penas dos pássaros,
as cores bonitas da minha continua história
Esse poema me ajuda a reaver os fios,
os pés e a cabeça,
a aliança de mim comigo mesmo
Volto a me sentir seguro,
volto a me sentir
em meio ao frio submerso em meu ser,
é como se cada uma de minhas células fossem uma caverna,
um esconderijo, um abrigo
O medo pode ter a forma de um cão,
o gosto de um besouro, de uma centopeia primitiva
que caminhou no inicio do inicio
Ouço o ronco de um motor,
o cair de uma bola de gude,
os pingos da futura chuva
É como se o céu fosse um manto de fogo
cobrindo minhas costas
para devolver aos meus olhos e garganta
o verão e todos os seus motivos
(edu planchêz)
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